Eu não sei escrever

3.8.16

    Sério. Às vezes me deparo com esse dilema, lendo e relendo as coisas que estão abandonadas em meus arquivos. Histórias, textos, relatos. Em nenhum deles encontro a personalidade que preciso, são simples palavras sem sentimento ou coesão. Me pergunto ainda se sou muito nova e então me lembro: a idade é relativa - e não só à sua data de nascimento.
Eu poderia passar noites em claro lendo crônicas, poemas e aulas de português, mas não parece valer o esforço. Preguiça? Sim, admito. E isso encadeia outro dilema: Eu não sei ler. Por mais que eu compreenda as palavras, as composições e os parágrafos, muitas vezes não compreendo o sentimento, os segredos subliminares.
    Inúmeras vezes tentei escrever e desisti quando o texto continha apenas alguns parágrafos de vida. Ainda mais atualmente, nessa minha fase de pura indecisão e auto cobrança constante. Eu tento, tento e tento, mas nada parece digno do preto-no-branco que encontro por aí.
    Às vezes o que me faltam são palavras. Gostaria de conhecê-las, todas elas, palavras me encantam tanto quanto os humanos. Às vezes meus sentimentos são quase indescritíveis e escrever algo coeso com todo esse barbante embolado se torna impossível. Às vezes tenho medo de parecer tola. Às vezes, nada simplesmente sai.
    Me sinto uma aspirante à química ao manusear todos esses fatores: inexperiente e assustada. Mas, ainda assim, há a paixão e o desejo que me movem a tentar. Algum dia, talvez, conhecerei toda a tabela de elementos e saberei misturá-los com maestria.
    As palavras por vezes me fogem da boca, das pontas dos dedos. Tenho que me esforçar para lembrar a ideia inicial, para manter o foco. Distração é o que não falta. Meus textos são café-chá. Vou demorar para aceitar a receita - mais uma colher de sentimento, duas xícaras de paixão - mas ainda aceitarei.
    Assim espero.
 
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