Tá tudo muito corrido

18.4.17
    E esse vai ser mais um texto de choro, recheado de drama, no qual eu falo sobre o quanto a minha vida é difícil e o quanto eu sofro por isso.

    Certo. Caso vocês não saibam, minha rotina é extremamente fodida. Não há outra palavra para descrever. Segunda feira, acordo às 6h, fico na escola até às 14h40 e depois tenho curso até às 18h. Na terça, saio da escola às 14h40 e chego em casa. Estudo piano, faço tarefas, tento descansar. Às 19h45, tem piano. Saio às 21h30. Na quarta, saio do colégio às 15h30 e tenho coral e violão. Chego em casa às 20h50. Quinta, saio da escola às 16h35 e corro pra chegar no inglês, de onde saio às 18h. Sexta, saio às 16h35 da escola, pego o ônibus e torço pra chegar em casa antes de meu pai e meu irmão para poder estudar um pouco de piano. Aos sábados, acordo às 7h para conseguir chegar no piano às 8h e sair de lá às 9h30. Enfiado nisso, encontram-se meus projetos pessoais. A Liga dos Betas, o blog, a escrita.

    E, se você acha que isso é pouco, e que sua rotina é pior, lembre-se que sou uma adolescente. Minha vida é intensa, com sentimentos demais, e eu estou atordoada no meio disso tudo.

    E o pior é quando começam as provas. Dezoito matérias na escola. Inglês. Web Design. Mais cinco ou seis matérias no piano, além da prova prática. Coral. Violão. É coisa demais.

    Só de estar no carro, correr pra lá e pra cá, eu já me canso. Me desgasto. Quase morro.

    Outro dia, vi um vídeo falando sobre esgotamento emocional. Choro sem motivo? Confere. Problemas estomacais? Confere. Dificuldade de concentração, memória fraca e fadiga constante? Confere, confere, confere.

    Mas, como sempre, o medo de ser chamada de dramática prevalece, e eu apenas chamo isso de cansaço. A cura? Uma boa noite de sono.

    (mas quantas boas noites já se passaram sem que esse cansaço fosse embora?)

    "Tire um tempo pra descansar", uns dizem. "Ver um psicólogo ajudaria", outros sugerem.

    Descansar é algo impossível. Tivemos um feriado na sexta passada, e eu dormi. Deixei minhas responsabilidades de lado, tudo poderia ser resolvido depois. Me deixei sentir como se estivesse de férias, sem fazer nada o dia todo. Mas, sempre no fim do dia, há aquela tempestade que vem para matar. Os gritos de minha mãe, a irritação de meu irmão, a intolerância de meu pai. E então, todo o estresse que pareceu se esvair durante o dia está de volta. Enquanto eu estiver em casa, não conseguirei descansar.

    Visitar um psicólogo é algo que cogito há meses, mas o que dizer aos meus pais para convencê-los a me levar em um? Posso dizer que, mesmo se estivesse vomitando sangue, eles se negariam a me levar a um médico e diriam que era culpa minha. É claro, eu estou exagerando.

    (estou?)

    Eu preciso de um meio de extravasar. Gritos? Não é comigo. Violência? Muito menos. Choro? Só faz tudo piorar. Como extravasar toda essa carga, esse é o mistério.

    Eu preciso de um lugar de paz, genuinamente silencioso. Eu não consigo mais aguentar toda essa pressão.

    Tá tudo muito corrido. Tá tudo muito difícil.
 
Developed by Michelly Melo. Edited by Sara M.